segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Escravas dizem não ?

Um argumento antigo e famoso, que todos conhecem, mas escravas realmente não podem recusar-se a fazer algo ? O relacionamento TPE remove os direitos do bottom ? Vamos às respostas:


Para todos os casos a resposta é "não". Escravas podem sim dizer não, podem recusar-se e até mesmo chamar a polícia caso sofram algum tipo de abuso, pois lembre-se que acima das tríades DS, que determinam a intensidade do relacionamento, está o consenso e este determina que todo e qualquer relacionamento BDSM deve ser consensual, portanto qualquer coisa que impeça a pessoa de exercer seu consenso dentro de um relacionamento é abuso, não estará mais no campo BDSM.


Para melhor entendimento, separarei por tópicos:

1 - Como acontece:

Relacionamentos TPE não surgem do dia para a noite, nem entre desconhecidos, por quê ? Porque  não se conhece a pessoa como "pessoa", não sabe-se de seus reais limites, quais suas vontades ou se é aquilo que ela realmente deseja, se está motivada por algum outro motivo se não o fetiche. É preciso conhecer bem a pessoa para que  não vire um caso de abuso em vez de um relacionamento fetichista saudável.

2 -  Como funciona um relacionamento TPE(Mestre/Escravo): 

Em uma mecânica TPE, a escrava entrega, por livre e espontânea vontade, todo o poder ou quase ao Top. No que isto implica ? No que for decidido entre Top e Bottom. Alguns Bottoms têm até mesmo a roupa usada controlada em uma relação TPE. O prazer da escrava é justamente ceder prazer ao Top no máximo que puder, é uma troca, não uma obrigação.

3 -  Consenso:

O consenso da escrava é mantido, seus limites não são desrespeitados. Acima disto, o Top compreende a situação do escravo. Um mestre jamais obrigaria sua Bottom a praticar algo em estado depressivo, luto, doente ou cansada. A pessoa como humana ainda está acima do fetiche, mesmo em um relacionamento TPE.

4 - Obrigações de um escravo:

As obrigações do escravo são acordadas dentre os envolvidos, assim como limites e afins. Geralmente o Top já possui um arquétipo e busca, em uma Bottom, algo que se encaixe. Não existe uma fórmula pronta, visto que cada pessoa possui fetiches e limites diferentes.

5 - Negativa:

O escravo pode negar-se a fazer algo que esteja fora do acordado ou caso não esteja disposto. O item 1 serve de complemento a esta parte. Um escravo negar-se a fazer algo é raro, pois mestre e escravo se conhecem, sabem quando a outra parte não deseja ou aquilo fugirá das regras acordadas. O escravo está sempre disposto porque o Top não o força, não gera um subdrop, pois o conhece. Irá ordenar, mas saberá quando e como.

6 - Finalização:

O relacionamento TPE é um relacionamento que requer sincronia, experiência, compreensão e respeito pela parte do Top, e compreensão de si mesmo e vontade do Bottom. Assim tudo se encaixa, pois o Top saberá quando poderá aplicar tal prática e quando não precisará sem que o escravo precise negar-se a fazer. O Top tem o escravo quase decorado e irá amparar quando o escravo precisar, assim como castigá-lo quando negar-se a fazer algo sem motivo, e sim, este saberá quando.

Telecinesia ? Não, os dois se conhecem o bastante para saber quando o outro não está bem pelas expressões faciais. Já tiveram seus feedbacks, se conheceram e com isso podem aplicar um sistema "mestre&escravo" sem tornar uma relação abusiva, ao contrário, conseguem criar uma relação intensa e saudável.

Relacionamentos assim não ocorrem do dia para a noite justamente porque precisa-se de sinergia, prazer mútuo a todo instante. Uma relação recém formada, onde um não conhece o outro pode cair facilmente no abuso, pois não se compreende gestos, faces, caras e bocas, e também não se conhece os limites reais dos envolvidos. Brincar de adivinhar e/ou obrigar a pessoa a fazer algo não é indicado, e o segundo tampouco consensual. A diferença entre abuso e uma relação TPE é tênue na mente de muitos, porém pode-se compreender ao conversar com pessoas que vivem esse estilo de vida.
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