terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Lide com a negativa

Um desabafo consciente, de TOP para TOPS. O tópico será tratado como ele(o) para ela(a), mas serve para todos os gêneros.


Muitos(as) ficam estressados(as) ou irritados(as) ao ter a negociação interrompida ou receber um "não", portanto senti necessidade de criar este artigo. Espero que entendam como dicas humildes para não ser abusivo(a), insistir ou ser inconveniente.

Ela desistiu antes de me ver, vou cobrar !

Converse, pergunte o que houve, jamais cobre ou brigue. Ainda está negociando, se não sabe lidar com a negativa, como pretende lidar com práticas consensuais, onde um "não" interromperá todo o seu prazer por que incomodou ou feriu, de verdade, outrem ?

A pessoa pode desistir porque caiu a ficha que não é aquilo que ela queria. pode ter aparecido alguém mais próximo, alguém mais interessante, pode ter se desinteressado por algum motivo. A questão é que a pessoa não quer mais, respeite isso. tente com outra pessoa, esta já disse que não deseja. Um motivo é de bom tom, mas ela não é obrigada a aceitar.

Há mil motivos que podem gerar uma anulação do contrato, mas todos eles levaram ao "não', respeite isto.

A gente praticava tanto algo e hoje ela não quer mais, estou enraivecido.

Já perguntou o porquê ? Não reparou alguma alteração de humor, alguma ida ao hospital ou assalto antes ? Já pensou que aquele roubo do celular pode ter sido traumático, que aquele stress da firma a fez afastar-se das práticas porque não está com humor ? Já pensou que as horas no hospital sozinha naquele dia podem afastado a pessoa das agulhas ? 

Há tantas perguntas a serem feitas. Faça-as e depois converse. Caso continue sendo um "não", dê um tempo de certas práticas por luto ou abra o relacionamento caso não seja poli.


Ela não aceitou as minhas regras, não é adepta do BDSM.

Não, só não. Ninguém é obrigado a aceitar seus protocolos ou seu modo de viver. Só não bateu, não era para ocorrer.  A pessoa pode simplesmente não gostar de ser submissa além da cama. Ela não é menos BDSM por não curtir o seu estilo de BDSM.


Ela terminou comigo!

Não exponha. Foi-se. Deixe-a viver a sua vida. Ela não mais lhe pertence, respeite a vida da pessoa, seu atual relacionamento. Não ameace, isto é crime e você não quer ser um criminoso. Siga o seu caminho, se desprenda e parta para a próxima!

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Estes foram exemplos básicos, mas lembre-se; Não é porque você é Top que tudo pode. Respeite o "não", a Safeword, as diferenças. Busque o que for melhor a ti, sem forçar pessoas a entrar no seu arquétipo. Não, as pessoas não são menos por lhe recusarem, por dizer um "não" a você. Assuma, você nunca agradará a todos. Receber uma negativa não é vergonha alguma, todos recebemos

Se houve um "não" durante ou antes da negociação, simplesmente parta para a próxima. Se é durante a relação ou sessão, converse sobre. Saber os porquês é mais importante do que julgar ou predeterminar. Esteja atento às nuances. às vezes o motivo pode passar despercebido e você não questionou.

Crise temperamental constante não é para Tops, certifique-se de ser uma pessoa centrada, que não irá descontar stress ou ameaçar por qualquer negativa ou término. Você precisa ter bom-senso, empatia e agir de forma consensual sempre. Sua Bottom é um ser humano, não um robô.
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Segurança em encontros.

Muitos pensam sobre os abusos recorrentes ao deparem-se com relatos de encontros que geraram abusos, estupros e total quebra de consenso, e estão certos(as) em pensar nisso. Nenhum Top deve estar acima do seu pensamento de segurança. Você não será menos Bottom por  pedir encontros em público após uma conversa virtual. Não importa quem seja o Top, nem sempre as línguas falam a verdade. Aquela pessoa tão bem falada pode ter um momento de stress e você estará com ela. Preze pela sua segurança antes de mais algo.

Antes de seguir com as dicas, é importante saber que conversas virtuais ou pessoais em nada alteram, se a pessoa for uma psicopata, você só saberá no momento em que tudo for ocorrer, ou seja, quando você se tornar a vítima, portando, apesar de muitos dizerem que tops não agem de tal forma e ser educado e compreensivo antes da sessão são pontos a favor, também podem ser contra. Boa parte das pessoas que são excessivamente descontroladas na internet, são evitadas por tudo e todos. Aquelas que mantém muito bem as máscaras são as mais perigosas, pois mentem bem e escondem bem. Então para não cair nas mãos erradas, sempre desconfie, sempre.

Então vamos a algumas dicas:

1 - Histórico: Peça à pessoa o contato com ex parceiros(as) para saber como é o comportamento da pessoa no íntimo e pessoal. Também peça contato de amigos ou faça às escondidas, tudo para garantir que não se encontrará com um Psycko(Pessoa inteligente que abusa das pessoas, psicopata). Então se a pessoa não é conhecida o meio SM, não tem contato com ex ou familiares, não vá, você terá outras chances, estas mais seguras.

2 - Questione: Quais as práticas, perigos, prazeres e contrato da dita pessoa, e o quão bem ela conhece o que diz praticar. Se a pessoa diz praticar, ele deve saber como se faz. Ao perceber explicações desconexas ou falta de explicações, evite, pois ou a pessoa não deseja lhe dizer ou não sabe, em ambos os casos, é uma falha e é melhor evitar de já.


3 - Local público: Faça os primeiros encontros em locais públicos; Burger King, Sorveterias, Shoppings, restaurantes, ambientes com câmeras ou com testemunhas. Ambientes que garantirão que caso a pessoa tente algo não consensual, haverá todo o apoio e provas para denunciá-la, e também se proteger.

4 - Companhia: Por que não ? Leve um amigo ao primeiro encontro para garantir testemunho e até defesa em caso de agressão ou tentativa de perseguição. Sua segurança tem que estar em primeiro lugar. Há 7 bilhões de pessoas no mundo, mas você só tem uma vida, cuide bem dela. A presença de outra pessoa intimida, a pessoa geralmente só faz algo indevido quando está sozinha. Em frente aos outros, ela sabe que será processada ou presa porque há testemunhas.

5 - Cena: Evite uma primeira sessão totalmente amordaçada e presa, pois caso algo ocorra, não poderá gritar, se defender ou fazer algo, e quando acabar, será tarde demais, o trauma já foi criado e o abuso também. Tente ter a primeira cena e um ambiente onde possam lhe ouvir caso precise gritar ou correr. Evite a primeira cena em uma casa fechada, longe de tudo como uma chácara.


6 - SafeCall: Amigo seu, que sabe tudo da sessão (aonde vai ser e com quem), e para o qual você liga para avisar que está tudo bem em horário combinado. (É responsa dele chamar a polícia se você sumir....) Guardião - amigo seu presente na cena, só para observar e agir se necessário (tem até Top que usa, por várias razões).


7 - Nome não é tudo: Não importa se a pessoa é bem falada em grupo ou festa "X" ou "Y", busque contatos íntimos que saibam o que a pessoa é e não o que deixa transparecer por aí. Algumas pessoas fingem bem, portanto aquela pessoa que parece ser o seu sonho, pode ser seu pior pesadelo, e aqui é a parte mais grave de todos os itens: A pessoa é conhecida e bem falada, se ela lhe agredir ou abusar, quem acreditará ? Mesmo com o nome, siga os passos porque terá provas para ir contra a pessoa. 

Evite que passem a mão na cabeça da pessoa só porque ela possui algum nome no meio BDSM, e se desacreditarem, as provas estarão aí para serem exibidas à polícia. Nunca confie demais, não importa quem seja.
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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Prazer ou Costume Social ?

Ao conversarmos com diversas Bottoms para saber o porquê de mutias serem submissas ou terem medo de assumir-se Switchers, recebemos diversas respostas suspeitas como "Tenho medo de deixar de ser o que me ensinaram', "Seria estranho viver sem agradar o parceiro, fui ensinada pela família assim", "Estou tão acostumada com obedecer que tive prazer dominando, mas como irei agradar meu homem ?"

Seriam estas bottoms fetichistas porque gostam, sentem prazer ou porque foram ensinadas a ser boas damas do lar, amélias, desde a infância, e com isto, levaram esse lado ao BDSM também ?

Ao irmos além nas conversas com estas, também percebemos que elas curtem dominar, porém não exercem porque aprenderam que o papel da mulher deve ser cuidar, limpar e agradar seu homem. Deixam de viver o que amam para agradar ao homem, pois é assim que foram ensinadas a viver, para servir não importando sua vontade, "é assim que deve ser".


Ao fazermos uma análise mais crítica, percebemos que mulheres com este tipo pensamento não saem do seu construto social com medo de desagradar tanto seus parceiros quanto à sociedade. Muitas gostariam de fazer algo diferente, viver algo diferente, mas não o fazem por este medo, ou seja, deixam de fazer algo que gostam ou desejam para agradar a visão da mulher do lar.

Mas o que isto tem a ver com BDSM ?

No BDSM, este problema pode ir além. Tais pessoas possuem o hábito de se excluir  para agradar, ou seja, é impossível dizer o que realmente será ou não consensual, pois esta mulher fará o que seu top lhe mandar; O seu papel é agradar o homem do lar e somente. Isto remove toda a questão consensual, nada será feito porque se gosta, mas porque é seu papel na sociedade, algo obrigatório. As práticas BDSM nestes casos podem levar facilmente a um estado depressivo ou de stress, além disto, será extremamente difícil saber quais são os limites e prazeres da pessoa, separar o que ela deseja e gosta de fazer do que faz somente para agradar a imagem gerada pelo construto da família e sociedade.

A relação será saudável até certo ponto, após este a pessoa fará para agradar e somente, para manter a imagem ou humilhação merecida por seu papel descumprido, e não é algo acordado, está atrelado à psique; Se ela falhou em seu papel, esta deve ser punida por não cumprir seu bom papel de mulher.

Agora cabe a auto análise; Você faz suas práticas porque gosta, porque sente prazer ou porque é assim que você tem que ser porque é uma mulher e a boa mulher deve agradar o bom homem ?

O mesmo ocorre com homens que possuem pênis pequenos e algumas masoquistas com algum transtorno. Pensam que devem ser punidos por fugir do papel social de virilidade, obrigação e bons costumes.

Já se questionaram do porquê de fazer aquilo ? Já pensaram se é isso que realmente gostam, ou se é algo que ensinaram a ti ? Avaliem-se, busquem o melhor para vocês e esqueçam-se das amarras sociais. Você faz o que lhe dá prazer, o que deseja, o que lhe preenche, não o que outros querem que você faça.

Você não merece ser punido só por ter o pênis pequeno ou por ser uma transgressora. Isto é um jogo adulto e você é uma vida, então viva como uma. Desprenda-se ao que ensinaram em relação aos "costumes de bem" e viva, no seu íntimo, o que lhe fizer bem. Não faça mal a terceiros, mas não faça mal a si mesmo.

Visite um psicólogo e trabalhe a auto estima, veja seus sonhos, prazeres e fantasias, os viva e deixe de viver o que a sociedade manda. BDSM é um jogo perigoso, para adultos, é bom se amar e saber o que realmente gosta para que a relação seja boa a ti também. Quer ser Switch ? Seja! A sociedade ou sua família nada tem a ver com isto, e este tema cabe a tudo que não prejudique terceiros.

É a sua vida, então se avalie, faça uma auto crítica e viva seus prazeres da forma que desejar. Não deixe que alguém dite como você deve viver, pois no futuro pode ser tarde demais e você deixou de fazer muito para agradar a visão de pessoas que sequer preocupam-se com seu estado mental e físico.

Muitos(as) entram no BDSM com a visão de somente agradar e anular-se, isto pode custar caro. Lembre-se, toda e qualquer prática ou feito devem agradar, ser de vontade de todos os envolvidos, não somente um. Não viva um "Faço tudo por meu(inha) dono(a) para agradá-lo, mas sim um "faço tudo porque gosto e consequentemente o(a) agrado".

Seja feliz, nenhuma pergunta é boba, então questione-se, peça dicas, faça avaliações. Busque o melhor para si, não o que é melhor aos outros. Nenhum valor social deve ser maior que a sua felicidade.
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